Depois da polémica suscitada pelo diploma do Primeiro-ministro José Sócrates, julgo que este é um tema com relevância suficiente para ser abordado neste espaço.
Comecemos pelo caso de José Sócrates.
Estão a "chover" notícias neste preciso momento, de que no ano de 1996 nenhum estudante se formou em Engenharia na Universidade Independente, sendo esse o ano que aparece no diploma de licenciatura do actual Primeiro-ministro. A polémica em volta desta questão tem sido de tal ordem que hoje mesmo, a Wikipédia bloqueou a página dedicada ao perfil de José Sócrates, de forma a evitar actos de vandalismo!
A minha análise a toda esta situação baseia-se no seguinte:
A ser verdade a falsidade do diploma, o que até prova em contrária não acredito, julgo que sinceramente José Sócrates deveria demitir-se imediatamente. Não julguem que se trata de uma posição radical, trata-se sim de uma opinião baseada na ideia que o chefe máximo do Governo de qualquer país deve ser um exemplo de rigor, transparência, verticalidade para com a lei e sobretudo de humanismo para todos os seus concidadãos. Sendo verdade, o que até prova em contrário eu não acredito, o Primeiro-ministro teria ferido de morte alguns dos princípios que enunciei anteriormente, pelo que a melhor solução seria obviamente na minha opinião demitir-se!
Esta problemática despertou em mim a preocupação com a corrida aos títulos (Doutor, Engenheiro, Arquitecto, Enfermeiro, etc...) presente na mente dos portugueses. Chega a ser ridículo que num dos Países em que a produtividade por cidadão é das mais baixas da União Europeia (pelo menos a 15), passemos o tempo todo a exigir que nos tratam por:
" Bom dia Senhor Doutor"
" Então como está senhor Engenheiro"
E andamos nisto, como que a brincar aos doutores, aos engenheiros, aos enfermeiros, aos arquitectos, esquecendo-nos porém que existem pessoas não entituladas que produzem muito mais pelo país do que os senhores doutores, engenheiros, etc.
Sim, estou a falar da Maria, do Manuel, do António, que trabalham nas mais variadas profissões, que não olham a meios quando lhes surge uma oportunidade de emprego, mas que, aquando da presença de alguém que recusa trabalhar numa área que não aquela em que se formou, preferindo assim ficar no desemprego, sentem a estúpida obrigação de os tratar por, imagine-se doutor!
Na Dinamarca, segundo alguns relatos a que tive acesso, não existem doutores, existem os "Jonhs", os "Michaels", os "Thomas", lá não existe a obrigatoriedade de tratarem os licenciados no que quer que seja por doutores, sendo que, esse título nesse País (e que País!) é interpretado pura e simplesmente com um grau de pré-graduação e nada mais que isso. Talvez esta seja uma migalha, no imenso bolo que permite á Dinamarca ser uma das economias mais saudáveis do Mundo!
Voltando ao caso de Primeiro-ministro Jose Sócrates, a ideia da obsessão pelos títulos está presente qualquer que seja a verdade dos factos. A ser mentira, há uma clara procura dos meios de comunicação social de uma possível fraude, que poderá no entanto, ser infundada. Mas desenganem-se aqueles que julgam que aos olhos dos portugueses Jose Sócrates será visto como um corrupto. Será antes, um drama nacional, pois Portugal teria tido um Primeiro-ministro sem qualquer licenciatura (que horror!...). A ser verdade, o erro teria sido do então deputado Jose Sócrates, uma vez que sentiu que, para se afirmar no panorama político, necessitaria de um grau de licenciatura a todo o custo, não confiando que as suas capacidades (que são muitas) políticas fossem suficientes para o levar ao sucesso!
Assim termino, fazendo votos que se abram novos horizontes na mente da sociedade portuguesa e que paremos de brincar aos senhores doutores neste nosso pequeno grande País!