sábado, março 31, 2007

Escravatura - Um mal do presente com raízes no passado!

Esta é um tema que eu sinceramente julgava até á bem pouco tempo nunca vir a fazer parte de um dos meus posts neste blog. Possivelmente estaria distraído face a esta realidade, mas a situação de escravatura de alguns portugueses no País vizinho (Espanha) despertou em mim um sentimento de revolta para com a minha "cegueira" mas sobretudo de impotência para combater algo que julgava á muito ter sido banido do pensamento de qualquer País Europeu - A ESCRAVATURA.

Perante este sentimento de impotência face ao problema decidi utilizar este espaço para alertar todos os que por aqui passam, para o facto de não incorrerem no mesmo erro que eu, ou seja, admitir que a escravatura é algo que só acontece nos países de terceiro mundo e que é impensável que se passe bem perto de nós.

Julgo sinceramente que qualquer pessoa que utiliza a escravatura deveria ser punida com a pena máxima aplicável em cada país da União Europeia, uma vez que este acto de escravização tem associado a si conceitos como: desrespeito pela dignidade humana, agressão física e psicológica aos escravizados, cobardia e corrupção (uma vez que utiliza as fragilidades do ser humano em seu próprio benefício sem remunerar devidamente o trabalho efectuado pelo mesmo e não cumprindo as regras laborais do seu país)!

Pois bem, passando a casos concretos, em Navarra (vizinha Espanha) alguns portugueses estavam abrangidos por um sistema de escravatura que foi recentemente descoberto pela Guarda Civil Espanhola. Seguidamente apresentarei alguns depoimentos dos visados, para que possam melhor compreender o terrorismo psicológico a que estas pessoas incorrem por via da necessidade de ter dinheiro para sustentar na maioria das vezes vícios, como sejam o tabaco, o álcool ou mesmo o próprio dinheiro. Aproveitando um trabalho do Expresso deixo-vos aqui alguns excertos dos depoimentos:

Artur Morais, 49 anos, natural do Beato, em Lisboa
"Não posso ter o dinheiro comigo. Vai logo todo. Em vez de um maço de tabaco, vão dois. Vão mais uns copos e não resta nada"
A colheita do tomate representa o trabalho mais duro. "Está mesmo no chão e temos de andar oito ou mais horas vergados"

António Augusto, 57 anos, natural de Campanhã, no Porto
Nunca tenho o dinheiro todo. Não posso. Vou ao patrão de manhã, e peço cinco euros. À tarde já não os tenho". Os olhos quase lhe rasgam a face quando se lhe aborda a perspectiva de ter 50 euros nas mãos. Todo o corpo se ri. "Isso seria uma festa até nunca mais acabar", confidência.

Jornalista descreve a seguinte situação:
" No Inverno podem trabalhar 11 horas diárias de segunda até o fim da manhã de sábado. No mais, não têm queixas. Não têm exigências para colocar. Não têm motivos para abandonar a precariedade de vida que levam. Têm as refeições garantidas e um sítio para dormir. Não precisam de mais."


Se isto não é terrorismo e um ataque inqualificável á dignidade humana então sinceramente não sei para que Mundo estamos a caminhar...

P.S. Vejam se puderem os vídeos localizados no topo da página, pois descrevem muito bem um passado que a mim como branco me envergonha, ou seja, a escravização a que foi sujeita a raça negra durante largos anos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Felizmente e no meio disto tudo sobresai algo de bom, que foi o facto de Portugal ter sido o primeiro país a abulir a escravatura. Mas também á quem diga que depois do mal feito...
Abraço